A Carreira Objetiva representa a trajetória profissional observável e mensurável de um indivíduo. Essa
carreira inclui mudanças de cargo, promoções, títulos, salários, e todos os aspectos externos que são documentáveis e avaliáveis por critérios organizacionais e de mercado. A carreira objetiva é o “lado visível” da carreira, moldado pelas oportunidades disponíveis no mercado de trabalho, pelas normas organizacionais e pela progressão hierárquica. A Carreira Subjetiva refere-se à interpretação pessoal, valores, motivações e percepções que o indivíduo tem sobre sua própria carreira. Ela é marcada por elementos como satisfação pessoal, realização, identidade profissional e significado atribuído ao trabalho. A carreira subjetiva leva em conta como o profissional se sente em relação à sua trajetória e o quanto esta corresponde às suas aspirações e valores pessoais. É o “lado invisível” da carreira, composto pelas experiências e interpretações internas do profissional.
A distinção entre Carreira Objetiva e Carreira Subjetiva começou a ser explorada na literatura nas décadas
de 1970 e 1980, com o trabalho de autores como Edgar Schein e Arthur Hall. Essa discussão surgiu como parte do esforço para compreender as carreiras em termos mais amplos do que a simples progressão de cargos ou status. A carreira passou a ser entendida não apenas como uma trajetória externa e mensurável (a “carreira objetiva”) mas também como uma experiência pessoal e psicológica (a “carreira subjetiva”). Schein foi pioneiro ao destacar que as carreiras são moldadas por fatores internos e externos e ao introduzir o conceito de âncoras de carreira, que representam os valores e as motivações centrais que orientam a carreira subjetiva de um indivíduo.
Arthur Hall, em sua obra Careers In Organizations (1976), argumentou que a carreira não pode ser
compreendida apenas por meio de realizações externas. Ele destacou a importância de uma abordagem dual para entender as dimensões tanto objetivas quanto subjetivas, o que ajudou a solidificar o conceito na literatura sobre carreira. Douglas T. Hall também teve uma contribuição importante nesse campo. Ele abordou a natureza psicológica da carreira, tratando de aspectos como crescimento pessoal e a importância de as pessoas se adaptarem às mudanças no ambiente de trabalho, o que reforça o papel da carreira subjetiva.
Com o aumento da autonomia e da busca por significado no trabalho, a ideia da carreira subjetiva se tornou ainda mais importante no cenário contemporâneo. As novas abordagens de carreira, como a Carreira Proteana e a Carreira Caleidoscópica, estão fortemente baseadas na noção de que o significado pessoal e as percepções internas têm tanta importância quanto os fatores externos, evidenciando a relevância dos conceitos de carreira objetiva e subjetiva na compreensão de trajetórias profissionais mais adaptáveis e personalizadas.
Texto retirado do artigo: ” Carreira na Contemporaneidade: Teorias, Modelos e Conceitos” – Autor: Mitio Sakai