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37. Teoria da Ação Contextual da Carreira – Parte 2

Diante das transformações rápidas e contínuas no mundo contemporâneo, as teorias de carreira se
tornaram cada vez mais diversificadas e multidimensionais. Os autores citados no capítulo anterior abordaram diferentes pontos de vistas sobre como os profissionais devem lidar com as mudanças e incertezas do ambiente de trabalho atual, cada um contribuindo para a construção de uma teoria mais ampla e flexível. No entanto, como observado por Yehuda Baruch (2006), ainda falta uma teoria unificada que consiga dar conta de toda a complexidade envolvida nas carreiras contemporâneas. O futuro das carreiras será moldado por uma combinação de adaptação, flexibilidade e inovação, enquanto novas teorias continuarão a emergir à medida que o mercado de trabalho evolui.
Com base no pensamento de Baruch, Arthur & Hall (2010) sobre a teoria de carreira, diante desse mundo
contemporâneo complexo, abre-se duas vertentes teóricas importantes sobre carreira: uma centrada nos aspectos estruturais das carreiras e a outra, nos aspectos envolvendo a subjetividade e as questões sociais/ culturais. Nesse sentido, é possível que estas duas vertentes possam se complementar e formar uma única teoria de carreira que dê conta de toda complexidade envolvida nas carreiras contemporâneas? Pesquisas futuras nesse sentido poderão responder esta questão.
Outra questão a ser refletida é que no mundo contemporâneo complexo, a globalização e o
desenvolvimento científico e tecnológico também têm gerado um impacto significativo nas escolhas das trilhas de carreiras no mercado de trabalho. Essa discussão pode abrir caminho para uma análise crítica dos conceitos tradicionais versus as novas tendências de carreira. A interação entre os modelos clássicos, como o de Super e Schein, (1957) e os mais recentes, como Hall e Arthur (1989); Collin e Young (1996); Baruch, Szűcs & Gunz. (2015) e outros, oferecem uma rica oportunidade de reflexão sobre as carreiras na contemporaneidade.
A Teoria da Ação Contextual da Carreira, proposta por Richard Young, Ladislav Valach e Audrey Collin
(2010), contrasta com outras abordagens de carreira ao enfatizar a ação coletiva, social e contextual. Ela vê a carreira como um processo dinâmico, construído por meio de interações sociais cotidianas, em vez de decisões individuais isoladas. Essas teorias contrastam, por exemplo, com a teoria tradicional de carreira ou a carreira proteana, que valorizam o foco na individualidade e autonomia, como discutido por Yehuda Baruch e Douglas Hall, onde o indivíduo molda ativamente sua carreira com base em metas e valores pessoais, de forma menos centrada no contexto coletivo.
A ação pode ser vista a partir das perspectivas do comportamento manifesto, processos internos e
significado social. Essa teoria sugere que o aconselhamento de carreira deve considerar não só as preferências e habilidades do indivíduo, mas também as influências sociais, familiares e contextuais que moldam suas escolhas. A interação entre ações cotidianas, decisões de curto e longo prazo, e a forma como o indivíduo se adapta a seu ambiente social e de trabalho são partes centrais dessa abordagem maior ênfase aos processos sociais e interacionais que influenciam o desenvolvimento da carreira.
A Teoria da Ação tem suas raízes na filosofia e na sociologia, sendo inicialmente elaborada por autores
como Max Weber. A teoria tenta explicar como os indivíduos agem de maneira intencional e orientada em relação a objetivos. Weber, por exemplo, define a ação social como aquela que leva em consideração as reações de outros indivíduos, sendo intencional e dotada de sentido. A ação está sempre inserida em um contexto social e depende das interpretações que o indivíduo faz da situação e das suas motivações.

Texto retirado do Artigo: “Carreira na Contemporaneidade: Teorias, Modelos e Conceitos” Autor: Mitio Sakai

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